

Nos últimos 3 dias, recebemos a notícia que três policiais militares atentaram contra a própria vida. Apenas um foi salvo a tempo. Ele tentou se jogar da ponte Rio-Niterói, na altura do vão central, mas felizmente foi salvo por equipes do BOPE, bombeiros e da Polícia Civil.
Já em São João do Meriti (RJ), um policial matou a ex-noiva e depois cometeu suicídio. O outro caso foi na cidade de Jandira (SP), quando uma policial militar se matou dentro do Batalhão onde trabalhava.
Lamentamos profundamente essas mortes. O suicídio no meio das polícias militares, além de tristíssimo, reflete que algo muito grave acontece dentro dessas instituições.
Uma pesquisa divulgada em 2016 e realizada por um grupo de psicólogos da Polícia Militar do Rio de Janeiro e pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção da UERJ mostram que algumas profissões, como a de policial, têm fatores de estresse maiores do que os da população em geral, o que leva a problemas emocionais e incidência de suicídio mais elevados. No caso dos policiais, o ambiente de trabalho inclui rotina de agressões verbais, abuso de autoridade e humilhações dos superiores, escala de trabalho exaustiva, risco constante de ser ferido ou morto em uma operação, treinamento e equipamentos aquém do necessário, falta de reconhecimento pela sociedade, baixos salários, etc.
Os policiais relatam profundo sofrimento psíquico, tristeza, tremores, sentimento de inutilidade. Muitas vezes o médico que o atende é de patente superior, então ele não vê ali o médico, vê o oficial. Portanto, é fundamental o atendimento psicológico e psiquiátrico, mas que não aconteça apenas dentro dos batalhões, pois o policial se sente exposto e inseguro para falar dos seus reais problemas, já que existe o peso da hierarquia militar. Entendemos ser necessário que exista ainda atendimento psicológico, arcado pelo Estado, com profissionais que não tenham vínculo direto com a Corporação, para que tragédias como essas sejam evitadas.
Márcia Cordeiro
Presidente da Assinap